"Laissez faire, laissez aller, laissez passer, le monde va de lui-même"

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Estado e Religião


Quando olha no passado, a sociedade atual critica a religião, afirmando que esta causou guerras, mortes e genocídios. Mas se formos procurar na história e no presente, veremos que as disputas e os conflitos religiosos, principalmente os de larga escala, usam a religião apenas como instrumento, atrativo ou desculpa, enquanto que o verdadeiro responsável das mazelas causadas é o Estado, seja ele o moderno “democrático” ou o antigo monárquico.


Os exemplos são vários, mas vamos começar com as Cruzadas. Seria o verdadeiro objetivo propagar a fé católica? E, se fosse, seria essa a melhor estratégia? Perder milhares de católicos na guerra, massacrar outros milhares de islâmicos e assolar a região com conflitos não me parece benefício algum para o Catolicismo. Na verdade, o que se viu foram reis conquistando fama, um Estado lucrando com a pilhagem e reinos anexando outros territórios; lembra-me muito mais o Imperialismo do que uma luta entre diferentes fés.


Outros movimentos que recaem sobre a Igreja são a Inquisição e a Caça às Bruxas. Curioso que quem julgava e executava a pena dos hereges era o Estado, que poderia confiscar os bens (imagine quanto o rei pode lucrar com isso), retirar a liberdade do réu (manter em silêncio os rebeldes) ou aplicar a pena de morte (ótima desculpa para eliminar alguns rivais).


Um exemplo que ilustra muito bem a idéia foi o reinado de Felipe IV de França, cognominado “o Belo”. Determinado a fortalecer a monarquia, Felipe confiou, mais do que qualquer dos seus predecessores, na burocracia profissional de legalistas. Auxiliado por ministros como Pierre Flote, Guilherme de Nogaret e Enguerrand de Marigny, favoreceu o desenvolvimento das instituições administrativas e judiciárias.


Este crescimento do Estado e da burocracia, combinado com os gastos na guerra, gerou uma situação financeira desvaforável ao reino, que tomou algumas medidas, como a desvalorização da moeda (que gera inflação, onde quem sofre é o povo) e uma perseguição aos bens dos judeus. Não sendo o suficiente, Felipe IV optou por criar uma Inquisação na Ordem dos Templários, aonde ele confiscaria todos os seus bens e condenaria à morte a maioria dos seus cavalheiros.


Em um caso similar, mas em uma época totalmente diferente, temos o Oriente Médio de hoje. Curiosamente, é na única região, com Estados religiosos (Israel e alguns árabes), onde ainda vemos guerras, genocídios e uma supressão da liberdade individual. Israelenses que confiscaram bens de muçulmanos, islâmicos que atacaram Israel, grupos terroristas de um lado, “forças especiais”, como a Mossad, do outro e uma incessável guerra, onde a religião é apenas um instrumento e jamais a causa.


Em todos estes casos, centenas de milhares perderam suas vidas e a liberdade individual foi violada, graças à união ancestral do Estado com a religião. Não diria que houve uma separação dessas duas instituições, mas sim que a Igreja se viu livre da outra, que a usava para seus fins de repressão e abuso.

4 comentários:

Thays Pessoa disse...

Muitoo bom seu blog


Bjuss

Knight disse...

Primeiramente, durante a era medieval quando ocorreram as cruzadas, o pensamento da sociedade era extremamente estreito, ou seja, praticamente apenas um modo de pensar imperava; este era fortemente influenciado pela Igreja e esta acreditava que o modo de expandir sua influencia era por conquistas.

E assim foi lancada a Primeira Cruzada, com objetivo de expandir a fe e expurgao os pagaos. Na volta para Europa, os vitoriosos cruzados estavam abarrotados de riquesas, e cada rei, como um bom homem de negocios, viu nas cruzadas uma otima oportunidade de fazer ''dinheiro''. Apezaram de terem sido lancadas 9 cruzadas apenas a primeira realmente foi por motivos religiosos.

Um segunda e terrivelmente mais importante ponto que foi deixado para traz 'e o de que nos Estados onde a Inquisicao foi implantada, Portugal e Espanha, o Igreja estava imersa dentro do Estado e vice versa, sendo assim, membros do clero ocupavam postos dentro do Estado.

E eram exatamente esses que executavam as escolhas de quem sofreria a visita de inquisitores, eram eles que comandavam as execucoes e interrogatorios. Assim no momento em que se passa a responsabilidade total da Inquisicao para o Estado, 'e um exagero, um conceito totalmente errado. Tambem 'e preciso fazer uma ressalva, o Estado tambem 'e culpado, e certamente por vezes usou-se da Inquisicao para manter seu poder.

A luz disso, nao 'e possivel inocentar a Igreja dos eventos, muito menos o Estado.

A Inquisicao foi um ato conjunto do Estado e da Igreja Catolica, apenas um do muitos exemplos de como nao da certo misturar polica e religiao.

Pedro Duarte Jr. disse...

Claro, assim como o pensamento era extremamente manipulado pela Igreja, os reis faziam uso disto para vantagem própria; vide o "Direito Divino" ao trono.

Realmente, a Primeira Cruzada tinha um objetivo religioso, mas as outras 8 visaram tudo aquilo que comentei: territórios, fama e riquesa.

Admito que não prestei muita atenção no ponto de, nos países da Inquisição, o Clero estar infiltrado no Estado. De certa forma, isso apenas prova como o governo sempre teve uma tendência a delegar poderes excessivos a quem não devia.

Reconheço a falha de parecer que a Igreja está isenta de culpa, não foi minha intenção. Ambos são culpados e, como você disse: "não dá certo misturar política com religião".

: ) alexia disse...

Boa,
compartilho o mesmo pensamento que você.
A religião é um instrumento poderosíssimo, mexe com a fé e a crença das pessoas, e coloca um poder enorme nas mãos daqueles que a lideram.
Se o Estado ja é um "orgão" de extremo poder, imagina vinculado a religião?
Outro exemplo bastante interessante no Oriente médio é a revolução iraniana. O regime Taliban tbm.
Os fundamentalistas islamicos distorcem a verdadeira mensagem do Islã para manipulação e beneficio próprio. o pior eh que existem muitas pessoas que fazem parte disso e realmente acreditam no seu 'ideal'.
Seu blog é muito interessante, meus parabens.
beijos,

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