"Laissez faire, laissez aller, laissez passer, le monde va de lui-même"

segunda-feira, 25 de maio de 2009

“A Cuba” de Fulgêncio Batista


Em uma mistura de doutrinação dos professores, escolha de livros tendenciosos, ampla divulgação da mentira, omissão de diversos fatos relevantes e por preguiça ideológica, as gerações saem das escolas e das universidades com preceitos simplistas e dogmas equivocados, onde se limitam a repeti-los sem argumentos ou conhecimento e – em casos ainda piores – defendê-los com unhas e dentes.


Um dos casos mais recorrentes é elogiar a Revolução Cubana, pois esta teria derrubado o maldito ditador Fulgêncio Batista, que massacrava o povo, e levado ao poder o glorioso Fidel Castro, responsável pelo resgate da ilha e do orgulho nacional. Não parece demais com um embate entre o bem e o mal? Onde um lado é a encarnação da perfeição e o outro da maldade? Cabe então comparar o governo de cada um, para que possamos começar a entender melhor a história de Cuba e evitar essa polarização.


Na década de 50, Cuba era um país em pleno desenvolvimento e anos a frente dos outros países da América Latina, com uma economia industrializada, a menor taxa de inflação do Ocidente, a oitava maior taxa salarial do mundo e uma Classe Média com padrão europeu.


Vejamos um estudo da ONU sobre Cuba, de 1958: "Cuba possui uma enorme vantagem em sua integração nacional - em comparação aos outros países da América Latina - por causa de sua enorme e homogênea base de imigrantes espanhóis brancos. A pequena população negra de Cuba também é culturalmente integrada. Aqueles modos de produção feudal que existem no resto da América Latina não existem em Cuba. O camponês cubano não se parece com o camponês do resto da América Latina, que está preso à terra, é tradicionalista e se opõe às inovações que o levariam a uma economia de mercado. O camponês cubano, em todos os aspectos, é um homem moderno. Ele possui um nível educacional e uma familiaridade com métodos modernos que não é vista no resto da América Latina".


Os trabalhadores cubanos eram um dos mais favorecidos do mundo, com privilégios a frente de sua época. Em 1933, já tinham estabelecido a jornada diária de 8 horas – 5 anos antes de Roosevelt e do New Deal – e o direito a um mês de férias pagas. A esquerda que vive glorificando a Social Democracia na Europa deveria saber que só alcançaram isso com 30 anos de atraso em relação a direita cubana.


Os indicadores sociais também eram favoráveis, com uma mortalidade infantil em 1958 que era a 13ª mais baixa - não da América Latina ou do Ocidente, mas do mundo. O analfabetismo já estava quase erradicado. Cuba era o país que mais gastava (23% do orçamento) com educação pública em toda a América Latina. Mais ainda: os cubanos não eram apenas alfabetizados; eram também cultos. Podiam ler George Orwell e Thomas Jefferson, bem como a arrebatadora sabedoria e cintilante prosa de Che Guevara. Do que adianta saber ler, se não se pode escolher o que ler? Fidel fica devendo nessa.


Eis um outro relatório, agora da UNESCO, sobre Cuba, em 1957: "Uma característica da estrutura social de Cuba é sua grande classe média", começa o relatório. "Os trabalhadores cubanos são mais sindicalizados (proporcionalmente à sua população) do que os trabalhadores americanos. O salário médio para uma jornada de 8 horas diárias em Cuba em 1957 é maior do que para os trabalhadores da Bélgica, Dinamarca, França e Alemanha. A mão-de-obra cubana recebe 66,6% da renda interna bruta. Nos EUA, esse valor é de 70% e na Suíça, 64%. 44% dos cubanos são atendidos pela legislação social, uma porcentagem maior que a dos EUA."


Não é de surpreender que a renda per capita fosse superior que a da Áustria e a do Japão. Na minha opinião, melhor uma desigualdade em condições como estas do que a igualdade, onde todos olham pro vizinho e só encontram mais miséria, pobreza e repressão.


Apesar de termos aprendido que “Fidel derrubou Fulgêncio, que era apoiado pelos EUA”, os fatos mostram algo diferente com relação a tal aliança. É uma questão de história o fato de que em janeiro de 1959 os EUA deram seu reconhecimento diplomático ao regime de Fidel/Che mais rapidamente do que reconheceram o de Batista em 1952. Os arquivos do Departamento de Estado americano também mostram que os EUA impuseram um embargo de armas ao governo Batista e se recusaram a enviar armas pelas quais o governo cubano já havia pagado.


Os arquivos oficiais também documentam que o embaixador americano Earl T. Smith avisou pessoalmente Batista que ele não mais tinha o apoio do governo americano, que recomendava fortemente que ele deixasse Cuba. Batista teve seu asilo político negado nos EUA.


Em 2001, em uma visita a Havana para uma conferência com Fidel Castro, Roberto Reynolds, o agente da CIA para o Caribe, responsável pelo gerenciamento da Revolução Cubana entre 1957 e 1960, declarou orgulhosamente que "Eu e toda a minha equipe éramos fidelistas".


Robert Weicha, ex-agente da CIA lotado em Santiago de Cuba declarou que "Todos na CIA e todos no Departamento de Estado eram pró-Castro, exceto o embaixador Earl Smith."


*Alguns fatos relevantes (se não cômicos):


  • O primeiro gabinete da rebelião (e não revolução) era composto por 7 advogados, 2 professores universitários, 3 estudantes universitários, 1 médico, 1 engenheiro, 1 arquiteto e 1 ex-coronel. Um grupo bem burguês, como diria Che.

  • Antes de Castro tomar o poder, Cuba recebia mais imigrantes (principalmente da Europa) em proporção à sua população do que os EUA.

  • Mais americanos viviam em Cuba do que cubanos viviam nos EUA.

  • Naquela época, pneus, barris e caixas de isopor eram apenas isso, e não itens estimados no mercado negro para serem utilizados como dispositivos de flutuação marítima, sujeitando seus usuários - ingratos que fogem de seus libertadores - a tubarões e intempéries da natureza.

2 comentários:

ZXdesign disse...

Muito bom o texto, iniciei recentemente uma pesquisa sobre a Cuba antes do Fidel e realmente a história contada a todos não é a realidade. Um filme muito bom que mostra essa época é o The Lost City do ator Cubano Andy Garcia que foi para os USA fugido nos anos 60 com seus pais. Parabéns!

jp disse...

legal o texto cara, mas de onde você tirou isso tudo?

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